Saturday, April 26, 2014

Dia 26 - de Castro a São Paulo, a última etapa da viagem

Castro foi o primeiro município do Paraná, era caminho dos tropeiros que iam de Viamão a Sorocaba. A cidade ainda guarda alguns traços desta época e tem o museu do tropeiro. A cidade é muito simpática e arrumada. A praça principal tem lojas, cafés, lojas de doces e o hotel. Pose-se ver também casarões bem antigos.
Abastecemos as motos e partimos em direção à São Paulo. Desta vez a estrada parecia bem melhor e mais vazia que no dia anterior, a viagem rendeu bem mas, no meio do caminho um urubu estava andando na pista, todos diminuimos a velocidade para não atropelar a ave e eis que ela decola em direção da moto do Marcelo. Foi por um triz que não vimos um acidente que poderia ter sido grave, hummm será que era o prenúncio de algo? Urubu assim escolhendo o alvo, não sei não.
Seguimos nosso caminho e abastecemos em Capão Bonito, um pouco mais adiante o Fernando seguiu em direção à Itapetininga e o restante do grupo foi da Fernão Dias em direção à Castelo Branco. A viagem havia rendido bem, era cedo ainda e deveríamos cumprir os 200 últimos kilometros rapidamente quando então dei por falta do Marcelo que vinha mais atrás. Paramos e ligamos para o Marcelo que nos disse que seu pneu traseiro havia furado e esvaziado. Em nossas viagens, nunca vi um pneu furado sequer e desta vez este já era o terceiro da viagem, este último certamente por conta do urubu rs rs. Tentamos reparar o pneu com um restinho de Tyre Repair que eu ainda tinha, mas não resolveu. Tentamos também com o compressor e nada. Já estávamos ligando para a seguradora do Marcelo para providenciar uma plataforma para deslocar a moto quando apareceu o carro plataforma da concessionária da estrada e levou a moto para o borracheiro mais próximo. Quando lá chegamos o borracheiro disse que poderia arrumar o pneu desde que tirássemos e recolocássemos a roda pois ele não sabia. Ok, nos propusemos a tirar e recolocar a roda. Quando o pneu foi desmontado a câmara estava bem rasgada, não dava para arrumar. O borracheiro ligou para um fornecedor que coincidentemente estava por perto e trouxe a câmara nova, sorte, muita sorte encontrar a câmara, acho que não foi obra do urubu afinal. Depois de um dedo meu prensado e dolorido conseguimos recolocar a roda com o pneu consertado. Pronto, conseguimos superar o que seria a última e involuntária "trapalhada" da viagem. Seguimos nosso roteiro e almoçamos um lanche, já tarde, no primeiro posto que encontramos na Castelo.
A pista estava boa e livre e logo cumprimos os últimos 140 km. Chegamos todos bem, felizes e realizados por termos vivido mais esta experiência  sobre duas rodas. Foi tudo muito bem, as coisas que vimos e vivemos, os lugares, as pessoas que conhecemos,  os momentos de confraternização durante as refeições, as gozações, as piadas, o companheirismo nos momentos de necessidade e as amizades que fortalecemos. 

Araucárias na praça de Castro

Praça principal de Castro
Saindo do último hotel da viagem
Odômetro final, 4.533 Km rodados
Arrrrrghhhhhh...




Dia 25 - Rumo a Castro no Paraná

Saímos de Passo Fundo com vontade de ficar mais. É uma das mais tradicionais cidades do Rio Grande, povo alegre e simpático. Fomos em direção à Castro no Paraná passando por Erechim, Concórdia, as Serras do Oeste Catarinense na região do Contestado, por sinal uma das mais belas regiões que passamos em toda a viagem. Já havia passado há três anos quando voltei do Atacama e é sempre bom voltar neste lugar, é um prazer dirigir pela serra.

Ao passarmos a divisa dos estados de Rio Grande do Sul com Santa Catarina, aonde passa o Rio Uruguai, deparamo-nos com uma visão espetacular do rio. Paramos na ponte para as tradicionais fotos da divisa quando o Ricardo e o Marcelo resolveram voltar para trás para filmar o trecho. O Ricardo foi e voltou logo e nada do Marcelo aparecer. Esperamos 5, 10 e até 15 minutos e nada. Quando eu já estava para voltar e ver o que estava acontecendo o Fernando se adiantou e voltou. Dali uns 10 minutos mais aparecem os dois, ufa!!! Surgiu então a primeira trapalhada do dia. O Marcelo ao manobrar e parar a moto, abaixou o pezinho em um local mais baixo e a moto se inclinou demais e ele não conseguia sair e nem endireitar a moto, ficou lá travado esperando alguém aparecer para ajudar e foi o que aconteceu. Toda esta região é muito desenvolvida com forte atividade agrícola e industrialização, consequentemente o tráfego de caminhões é intenso. Em alguns trechos a viagem não rendia. Paramos para abastecer no posto da BR 153 Km 15 em Água Doce e comemos salgadinhos na Lanchonete e Restaurante Horizonte II, recomendo as coxinhas, rissoles e bolinhos de carne, são ótimos. Neste mesmo posto havia um cachorro da raça Jack Russel Terrier do dono do posto que deu um show brincando com uma vassoura, ficamos observando.
Seguimos viagem e já estava quase escurecendo quando o Fernando avisou pelo intercomunicador que o pneu dianteiro de sua moto estava esvaziando. Paramos imediatamente no acostamento e o pneu esvaziou por completo. Fiquei desconfiado e lembrando do primeiro dia de viagem quando o pneu traseiro da mesma moto havia esvaziado por quebra do bico. Seria possível acontecer o mesmo problema na roda dianteira? A probabilidade era mínima mas se havia uma chance de acontecer ela aconteceu, era o bico mesmo! Nunca vi este tipo de problema acontecer, já vi bicos quebrarem por estarem mal colocados mas não assim, ainda mais dois na mesma moto. Suspeitamos que os bicos já estavam velhos e ressecados e o Fernando instalou os sensores de pressão para indicar a pressão dos pneus no GPS. Estes sensores são um tipo de uma tampa de bico um pouco maior e mais pesada o que deve ter forçado os bicos já velhos. Sorte que eu tinha uma latinha de Tyre Repair da Motul que instalamos com muito cuidado para não estourar o bico, funcionou! Conseguimos chegar em uma borracharia perto de Ponta Grossa e felizmente eu tinha um providencial segundo bico reserva. Com isto chegamos já de noite em Castro, como já era tarde fizemos um ótimo jantar no hotel regado a vinho branco. Acho que foi um pouco mais de vinho pois nem consegui escrever o blog do dia, cai no sono.

Rio Uruguai, divisa de RS com SC
Rio Uruguai
Divisa SC/RS
Procurando ETs?
Uva Chinesa que encontrei no mato, muito doce
O Jack Russel Terrier deu um show brincando com a vassoura
Conserto do bico da roda da moto do Fernando
O Fabiano botando a mão da massa, digo na roda

Thursday, April 24, 2014

Dia 24 - Com destino a Passo Fundo Tchê!

Hoje começamos nosso retorno em terras brasileiras, logo cedo tomamos um bom café no Hotel Acrópolis e antes de sair completamos o óleo da moto do Fernando que havia abaixado um pouco, tem que inspecionar sempre. Saímos de Santana do Livramento, passamos por Santa Maria, Cruz Alta e finalmente Passo Fundo, estou aqui de novo depois de quase 3 anos quando voltei do Atacama com o Mauro. A cidade é ótima, vale a pena voltar. O meu cunhado, Cmdte. Martello deve estar feliz lá de onde estiver, vou comer um churrasco hoje em homenagem a ele. 
Tudo correu bem hoje, a estrada até que rendeu bem apesar do asfalto péssimo das nossas estradas, uma vergonha com o tanto de impostos e pedágios que pagamos. Coincidentemente hoje passou na televisão uma reportagem sobre as concessões das estradas federais. Tem obras atrasadas há mais de 9 anos, será que não tem multa ou cancelamento de contrato? Vai ver que não viram as cláusulas do contrato igual como o contrato de Pasadena com a Petrobrás, affff!!!
Desde Colonia temos encontrado com dois rapazes de Santa Catarina, em motos, que estão fazendo o mesmo roteiro nosso, é legal encontrar as pessoas de moto na estrada, parece que se forma um vínculo imediato de amizade e companheirismo, eles já devem estar aqui por Passo Fundo.
A nota ou "trapalhada" do dia é que o Marcelo e o Fabiano se separaram do grupo e se perderam um pouco na entrada de Santa Maria, nada que uma parada e um telefonema não resolvessem. Esperamos um pouquinho e os dois nos encontraram. Chegamos bem a Passo Fundo. O Fernando, que é gaúcho por adoção, nos prometeu levar à uma churrascaria que segundo o Ricardo serve a melhor carne que ele já comeu. Coitado do Marcelo, ele não come carne vermelha mas tem se virado bem na salada e no frango, ele pretende voltar para casa com o perfil de um verdadeiro Somali rs rs, boto todas as minhas fichas como ele consegue...

Churrasco em Passo Fundo, com vinho é claro

Wednesday, April 23, 2014

Dia 23 - Montevideo a Rivera e Santana do Livramento

Chegou a hora de iniciarmos a nossa volta, em um dia andamos pouco mais de 500 km e cruzamos o Uruguai inteiro de Sul a Norte. Sempre em boas estadas, bem sinalizadas, sem buracos e principalmente sem movimento. As estradas no Uruguai parecem estar sempre vazias. Apesar do limite de 110 km na maioria dos trechos, existem poucos radares, nada comparado ao Brasil que explora esta máquina de fazer dinheiro. Em toda a nossa passagem pelo Uruguai não fomos parados por nenhum guarda mas creio que sejam educados como tem sido o todo o pessoal com quem interagimos, atendentes, garçons, pessoal de hotel, pessoal dos postos de gasolina, sempre fomos bem tratados. A nota chata foi o gerente ou dono e também um garçon do Restaurant América do posto de gasolina ANCAP na entrada de Tacuarembó que nos destrataram acintosamente. Ao entramos no restaurante já nos olharam feio e quando estávamos nos acomodando, o gerente veio dizer para colocarmos os nossos capacetes no chão, não ligamos muito e colocamos nas cadeiras e na mesa. Veio então um garçon muito mal educado e em tom ameaçador nos intimou a colocarmos os capacetes no chão com o argumento de que não ficava bem para os outros fregueses que os capacetes estivessem na mesa. Argumentei com o dito garçon que não colocaríamos os capacetes no chão sujo (e põe sujeira nisso) para depois colocarmos nas nossas cabeças. Como o tal garçon continuava a levantar o tom, o melhor foi sairmos para não piorar a situação. O que nos pareceu muito estranho é que na porta do restaurante existem dezenas de decalques de grupos de motociclistas que passaram por lá e não entendemos como puderam nos tratar com tamanha grosseria, não é típico do Uruguai aonde sempre fomos tratados muito bem. Se virem nosso adesivo lá não se trata de uma recomendação ou aprovação, pelo contrário, não parem lá para comer. Comemos em outro lugar e seguimos nossa viagem até Rivera. Tacuarembó é aclamada pelos Uruguaios como a cidade onde nasceu Carlos Gardel, mi Buenos Aires querido...
Finalmente chegamos a Rivera, nos perdemos um pouco para fazermos a saída da imigração do Uruguai pois o local não fica próximo à estrada e sim na cidade. Feita a saída oficial do Uruguai, abastecemos as motos no lado brasileiro aonde, por incrível que pareça, a gasolina é um pouco mais barata. Chegamos facilmente ao hotel, no centro de Santana do Livramento e o pessoal resolveu fazer as tradicionais comprinhas na zona franca. Jantamos em um Bistrô embaixo do prédio dos flats Acrópolis, excelente comida e serviço e ainda por cima barato.


Saindo do hotel em Montevideo

Formações rochosas antes de Rivera

Formações rochosas antes de Rivera
Fabiano ("selfie" tá na moda)


Fernando

Ricardo

Wlamir

Marcelo

Dia 22 - Colonia del Sacramento

Hoje o dia foi dedicado a este patrimonio histórico que tanto representou para a independencia do Uruguai.
A antiga cidade originalmente era cercada por muros fortificados que protegiam os seus habitantes de invasores. Foi fundada por portugueses e disputada por espanhóis que conseguiram domina-la. Ainda pode-se ver restos do muro que foram restaurados bem como o portal da cidade. No interior de cidadela encontram-se várias casas antigas transformadas em pousadas, hotéis, restaurantes, lojas e moradias. Entramos em duas casas geminadas que foram construídas em 1720. Estavam transformadas na Galeria de Arte de los Suspiros, do artista local Fernando Fraga, tudo muito bem cuidado e caprichado, não dava mais vontade de sair e só ficar admirando tudo. Assim como esta, várias outras coisas nos chamaram a atenção: o cuidado com a praça, o piso das ruas, as casas restauradas, as plantas. Tudo ali nos fazia sentir um clima de tranquilidade e de paz. Por onde se andava podíamos encontrar um cantinho diferente, uma casa charmosa, uma rua tranquila. Tudo na beira do Rio da Prata que mais parecia um mar. De um determinado ponto podíamos ver bem ao longe as pontinhas dos edifícios de Buenos Aires. O serviço do Aero-barco leva 50 minutos para chegar a Buenos Aires, acabamos não indo pois achamos que não valeria a pena o trabalho e o tempo para ficar somente umas três horas em BA. Ficamos por ali mesmo curtindo tudo. No inicio quando chegamos, o grupo se separou um pouco e o Marcelo sumiu por um tempo. Vimos bastante coisa e quando já era hora de almoçar fomos nos dirigindo à praça principal aonde havíamos deixado as motos. Qual não foi a nossa surpresa ao reencontrarmos o Marcelo com um carro elétrico. O Marcelo estava feliz, parecia uma criança com um brinquedinho novo. Começamos a passear então com o carrinho, quase não chamamos a atenção, cinco marmanjos em um carrinho amarelo...
Havia um evento de um banquete ao ar livre em uma das ruas da cidade antiga, tudo muito organizado e a comida feita por profissionais parecia ser ótima, pena que não fomos convidados.
Almoçamos no restaurante Mesón todo decorado ao estilo do lugar, muito bonito e ótima comida, passamos bons momentos ali ouvindo música ao vivo com canções de Mercedes Sosa e tudo mais!
Certamente o lugar mereceu a viagem de Montevideo até lá e como disse o Marcelo, foi a pérola da nossa viagem, todos concordaram. Vale a pena voltar um dia. O passeio pode ser feito também a partir de Buenos Aires por Aero-barco.
A "trapalhada" do dia foi o Ricardo se perder ao voltarmos para Montevideo, já na entrada da cidade. Não havia como esperá-lo, ele tomou outra avenida. Seguimos para o hotel e alguns minutos depois eis que chega o fujão.

Mapa da cidade antiga
Carro antigo na praça de Colonia
Ruas bem cuidadas
Evento gastronomico
Muita tranquilidade
Mais tranquilidade
Vista do Rio da Prata desde Colonia, parece mar
Varias praças
Predios bem conservados
Muitos restaurantes para escolher
Pinheiro
O Farol se destaca
Rua principal de comercio fora da cidadela
Caminhar nas ruas é voltar ao passado
Farol
Casario antigo
Árvores e flores nas ruas
Casas de 1720 transformadas na Galeria de Arte de los Suspiros
Galeria de los Suspiros, muito capricho
Galeria de los Suspiros, muitos detalhes
Cozinha na Galeria
Marcelo e seu brinquedinho
Lotação !
Veleiros na maioria
Vista do pier
Iate Clube
Marcelo não vai cair...
Muralhas foram reconstruidas
Portal de cidadela
Muralhas da cidadela
Fabiano defendendo as muralhas
Muralha com Rio da Prata ao fundo

Marcelo levantando a ponte
Becos charmosos
Camdombe, a mesma origem do Candomblé
Restaurante Mesón, capricho na decoração e na comida
Casa de pedra